Milagres na Capitania
Coluna AQUI RUBENS PONTES |
MEUS POEMAS DE SÁBADO
Por força da conjuntura que atropela o mundo moderno, Don Oleari Portal de Notícias tem eventualmente abordado em suas publicações fatos que nem sempre estimulam com loas nossa visão do mundo, mas que, no entanto, exigem por seu turno, para melhor conhecimento, ampla divulgação.
Felizmente são publicações eventuais, sempre voltadas às preocupações maiores do Editor Chefão e do corpo de redação para os fatos que mostram o lado saudável do comportamento humano.
O episódio hoje levantado por este Colunista ocorreu há 10 anos, em julho de 2013, durante visita do Papa Francisco ao Brasil para presidir a Jornada Mundial da Juventude.
No “Papa Móvel” que conduzia Sua Santidade até a Basílica de Aparecida, em São Paulo, o Cardeal dom Raimundo Damasceno, presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, seu acompanhante na viagem, quebrou o protocolo à brasileira, respeitosamente, claro, e pediu ao Papa para retomar o pedido de canonização do jesuíta José de Anchieta.
O Papa teria esboçado um meio sorriso e sugerido que o Cardeal brasileiro escrevesse uma petição formal ao Vaticano.
Pois em agosto, apenas um mês decorrido, a correspondência foi encaminhada ao Vaticano. O Papa Francisco foi igualmente rápido: sua resposta, duas semanas depois, confirmava:
Anchieta seria canonizado mesmo sem ter praticado os dois milagres reconhecidos, uma exigência canônica, mas levada em consideração sua obra em favor da divulgação do cristianismo.
O Brasil esperava, há 400 anos, atendimento ao seu pedido de canonização do jesuíta.
Seus Milagres na capitania, porém, seriam mais tarde relatados por quem os teria testemunhado e agora relacionados e adicionados à leitura nesta Coluna pelo Don Oleari Portal de Notícias.
Enfatizamos, no entanto, ser o texto que se segue destinado aos que creem e aos que duvidam, escritos e editados por quem não se empenha nem provar nem em desmentir.
São episódios perpetuados no tempo e no espaço pelos que admitem ter com eles convivido e deles compartilhado por quem tem fé. A exigência canônica dos necessários milagres para canonização foi ampla e contundentemente cumprida.
“Nosso” Santo
José de Anchieta, espanhol de San Cristóbal de La Laguna, nasceu em março de 1534.
Aos 19 anos de idade, baixinho, com 1 metro e 60 centímetros de altura, chegou ao Brasil na metade do Século XIX, como integrante da Companhia de Jesus, destinada a atrair para a Igreja Católica as hostis e agressivas tribos indígenas que ocupavam o território desde muito antes da chegada dos portugueses com Pedro Álvares Cabral.
Em 1579 deu-se início à instalação dos jesuítas na aldeia de Reritiba (***), permanecendo o jesuíta José de Anchieta como responsável, com outros membros do clero, pelo colégio de Santiago em Vitória e em outras aldeias como Nossa Senhora da Conceição (Serra), São João (Carapina), Nossa Senhora da Conceição (Guarapari) e Reis Magos (Nova Almeida).
(***) Reritiba mais tarde levou o nome de Benevente, depois Anchieta.
Nesse período, foram implantados os movimentos do missionário José de Anchieta tidos como milagrosos:
– Em 1588, na aldeia de São João, realizara-se uma competição cabendo ao vencedor um pato como prêmio.
Houve contestação quanto ao vencedor e recorreram ao jesuíta José de Anchieta, presente ao evento.
Ele os mandou perguntar a um menino mudo, também presente.
Para perplexidade de todos, o menino falou dizendo ser ele o vencedor e que o pato era dele, para levar para sua mãe.
Ninguém ousou contestar…
Levitação
Através do testemunho de contemporâneos do jesuíta José de Anchieta, dizia-se ser a levitação do Santo fato corriqueiro, quase não despertando suspense nos grupos que com ele conviviam. Era comum ele rezar missas levitando.
Foi essa proeza que o salvou de ser morto e comido pelos índios da tribo que o mantinha como refém, enquanto o padre Nóbrega tentava um pacto com os Tupis em guerra contra os Tamoios.
O pajé dos Tamoios, o índio Pindobuçu, vendo-o elevar-se do chão, atemorizou-se e na dúvida sobre que espíritos, bons ou maus, estariam dando-lhe forças para isso, preferiu não arriscar, poupando-lhe a vida.
Ressuscitou mortos
Ele ressuscitou mortos: falava-se em pelo menos seis pessoas que foram ressuscitadas pelo padre José de Anchieta:
– Conta-se que uma menina havia morrido, deixando seus pais desconsolados.
O padre Anchieta foi ao velório e lhe diz no caixão: “Minha filha, tu estás querendo roubar o paraíso facilmente. Volta e luta”.
Imediatamente, a menina ressuscitou.
Também ficou registrada a famosa história do índio Diego, que todos achavam que era batizado, por guardar os mandamentos e dizer-se cristão. Mas, após morrer sem o sacramento, durante o seu enterro, ele se levantou do caixão e pediu a uma senhora que velava o seu corpo para chamar o padre Anchieta, a fim de ser batizado.
O apóstolo chegou, batizou-o e ele morreu novamente.
No fundo do rio
Outro relato diz que em certa ocasião o jesuíta navegava pelo rio Tietê – em São Paulo – quando seu barco naufragou.
Narra a história que o barqueiro que o conduzia, após vários mergulhos, encontrou-o no fundo da água, calmo, sentado e rezando.
De acordo com a biografia escrita por Pero Rodrigues, contemporâneo no templo do beato, ele ficou submerso cerca de meia hora.
Em Bertioga – também. em São Paulo – várias pessoas orando em um templo ouviram sua voz em pregação num momento em que ele estava a várias dezenas de quilômetros distante do local.
Numa missa, na presença de muitos fiéis, durante a pregação, o padre caiu de joelhos.
Nesse exato momento, um imenso clarão iluminou o templo, assustando os que estavam na Igreja de Nossa Senhora de Itanhaém, ainda em São Paulo.
A Parábola do Pescador
Um dos casos de premonição, ou adivinhação, atribuídos a José Anchieta, nos leva à Parábola do Pescador.
Ocorria falta de peixes naquele ponto da costa da Capitania do Espírito Santo.
Os peixes estavam cada vez mais escassos e os pescadores começavam a passar necessidade. José de Anchieta chamou um deles e mostrou-lhe o lugar onde deveria jogar sua rede.
Num único lançamento o pescador tirou tantos peixes que não só supriu suas necessidades e as dos missionários como pode repartir a sobra entre os pobres.
São inúmeros os depoimentos de pessoas que afirmam que o padre lia pensamentos além dos humanos.
Existem vários relatos que afirmam a existência de conversas mantidas entre o missionário e animais selvagens, como cobras e onças no cativeiro.
Levitação
Através do testemunho de várias pessoas contemporâneas de José de Anchieta, dizia-se que a levitação do santo era um fato corriqueiro quase não despertando sequer curiosidade na população.
Era comum ele rezar missas levitando. Essa capacidade uma vez o salvou dos perigosos tamoios, quando foi feito refém em Iperoig (hoje Ubatuba, São Paulo), enquanto o padre Nóbrega tentava um pacto com os tupis.
O chefe dos tamoios, Pindobuçu, vendo-o elevar-se do chão, atemorizou-se e, na dúvida sobre que espíritos, bons ou maus, estariam dando-lhe forças para isso, preferiu não se arriscar, poupando-lhe a vida.
Ressurreição
Como Jesus em sua passagem pela Terra, ele ressuscitou mortos.
Fala-se de pelo menos seis pessoas revisitadas pelo padre Anchieta, embora fugisse disso alegando sempre: ‘Não vim como medico’.
Conta-se que uma menina havia morrido, deixando seus pais desconsolados. O padre Anchieta, foi até o caixão e diz:
“Minha filha, tu estás querendo roubar o paraíso facilmente. Volta e luta”.
Imediatamente, a menina ressuscitou.
Também existe a famosa história do índio Diego, que todos achavam que era batizado, por guardar os mandamentos e dizer-se cristão. Mas, após morrer sem o sacramento, durante o seu enterro, ele se levanta e pede a uma senhora que vela o seu corpo que chame o padre Anchieta, a fim de ser batizado. O apóstolo chegou, batizo-o e ele morreu novamente.
Nova Parábola dos Peixes
Um dos casos de premonição, ou adivinhação, mais conhecidos do santo é o da falta de peixes na Bahia. Os peixes estavam cada vez mais escassos e os pescadores começavam a passar necessidade. Anchieta então chamou um deles e mostrou-lhe o lugar onde deveria jogar sua rede. Num único lançamento o pescador tirou tantos peixes que não só supriu suas necessidades e as dos missionários como pode repartir a sobra entre os pobres.
Pregando à distância
Num templo católico em Bertioga, várias pessoas ouviram sua voz, em pregação, num momento em que ele estava a várias dezenas de quilômetros distante do local.
Numa missa, na presença de muitos fiéis, durante a pregação, o padre caiu de joelhos. Neste exato momento, um imenso clarão iluminou o templo e chegou a assustar aos que estavam na Igreja de Nossa Senhora de Itanhaém.
Conversando com animais
São inúmeros os depoimentos de pessoas que afirmam que o padre lia pensamentos. Existem vários relatos que afirmam a existência de conversas entre o missionário e animais selvagens, como cobras e onças no cativeiro.
Poema escrito na areia
Durante seu período como refém dos índios Tupis, o jesuíta José de Anchieta escreveu nas areias da praia seu poema à Virgem Maria, com quatro mil versos (guardados na memória e mais tarde registrados em papel).
ANCHIETA
A cidade de Anchieta está localizada a 80 quilômetros de Vitória, capital do Espírito Santo. Antiga aldeia de índios catequisados pelos jesuítas, na época conhecida como Reritiba, que na língua Tupi quer dizer: Lugar de Muitas Ostras.
José de Anchieta viveu na vila a maior parte de sua vida, cerca de 34 anos, até sua morte, em 9 de junho de 1597.
Fechando a narração dessa face menos conhecida da vida e obra do jesuíta e Santo José de Anchieta, homenageado com seu nome dado à sede do Poder Executivo do ES, Palácio Anchieta, a Coluna publica um poema do riquíssimo acervo de trabalhos por ele escritos: “Do santíssimo sacramento”.
Rubens Pontes, jornalista
Capim Branco, MG
Revisão: Márcia M.D. Barbosa
Do Santíssimo Sacramento
José de Anchieta
Ó que pão, ó que comida,
ó que divino manjar
se nos dá no santo altar
cada dia!
Filho da Virgem Maria,
que Deus Padre cá mandou
e por nós na cruz passou
crua morte,
e para que nos conforte
se deixou no sacramento
para dar-nos, com aumento,
sua graça
esta divina fogaça
é manjar de lutadores,
galardão de vencedores
esforçados,
deleite de namorados,
que, co’o gosto deste pão,
deixam a deleitação
transitória.
Quem quiser haver vitória
do falso contentamento,
goste deste sacramento
divinal.
Este dá vida imortal,
este mata toda fome,
porque nele Deus e homem
se contêm.
É fonte de todo bem,
da qual quem bem se embebeda
não tenha medo da queda
do pecado.
Ó que divino bocado,
que tem todos os sabores!
Vinde, pobres pecadores,
a comer!
Não tendes de que temer,
senão de vossos pecados.
Se forem bem confessados,
isso basta,
qu’este manjar tudo gasta,
porque é fogo gastador,
que com seu divino ardor
tudo abrasa.
In: ANCHIETA. Poesias: manuscrito do século XVI, em português, castelhano, latim e tupi. Transcrições, trad. e notas M. de L. de Paula Martins. São Paulo: Comissão do IV Centenário da Cidade, 1954.
Milagres na Capitania
Edição, Don Oleari – [email protected] –
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