Rubens Pontes | mulheres pioneiras: Chercher la femme – alicerçando bases do futuro, mulheres pioneiras marcam o passado | 17/6

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Coluna AQUI RUBENS PONTES

MEUS POEMAS DE SÁBADO

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Rubens Pontes,
jornalista

 

A Primeira Dama do Portal Don Oleari – www.donoleari.com.br – também e principalmente companheira de ideais, a jornalista Lena Mara, afonsoclaudense da gema, nos traz sempre motivos para debates saudáveis sobre o que no Espírito Santo se passou.

Ainda nesta semana, presente na reunião da Redação também o Editor Chefão, falávamos mais uma vez sobre a demagógica política, incorporada na própria sociedade, primordialmente de proteção à mulher (aqui se entende a postura dos políticos) e ao preto, memória marcada pelos sombrios tempos das senzalas e do açoite.

Segundo dados de 2022, o  número de eleitoras representa 52,65% do eleitorado, enquanto o de homens equivale a 47,33%.

Sem som, a tela da TV na parede em frente exibia flashes de salas de aula de uma escola primária. Nelas, nenhuma professora preta, nenhuma criança preta.

– “E é aí que tudo devia começar”, sentenciou enfática, a companheira.

Foi muda e completa concordância dos demais, já com a atenção voltada para a realidade.

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Espírito Santo: mulheres pioneiras que ajudaram a escrever nossa história

Buscando subsídios para aprofundar o tema, nos valemos de levantamentos efetuados por estudiosos da nossa vida cultural – a historiadora Lívia Rangel e a socióloga Munak Malek, também mulheres pioneiras– reunidos num texto de Vitor Taveira, editado em 2021 (a eles os créditos).

Não lembramos com frequência seus nomes, mas isso não significa que sucumbiram na passividade, na conformação”, sentenciou Lívia Rangel ao selecionar os nomes de seis mulheres pioneiras que, desde o passado, marcaram para sempre sua presença como protagonistas da História do Espírito Santo.

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Judith Leão Castello Ribeiro, Lídia Besoulet, Haydée Nicolussi,  Maria Stella de  Novaes, Carmélia Maria de Souza, Maria Verônica da Paz.

Seis mulheres modelo, vencendo preconceitos e superando barreiras para se imporem como expoentes nas áreas em que atuaram.

Carregar mais DETALHES DO ANEXO judith-leao-castello-1.jpg 17 de junho de 2023 9 KBJudith leão castello ribeiro

A Coluna se vale desses levantamentos para destacar entre as mulheres pioneiras a singular presença de Judith Leão Castelo Ribeiro, primeira mulher capixaba eleita deputada estadual.

(Complemento do Portal: as eleições foram realizadas em 1934, mas sua posse só seria efetivada em 1947, por força da ditadura implantada pelos militares. Seu mandato foi sucessivamente confirmado em quatro períodos legislativos.)

Uma de 13 irmãos, nascida na cidade da Serra, município ao norte da capital, Vitória/ES, Judith Leão Castelo, normalista pelo Colégio do Carmo, foi professora no Ginásio São Vicente de Paulo e na Escola Normal Pedro II.

Escreveu artigos para jornais e revistas – Vida Capixaba e Diário da Manhã – e participou da fundação da Academia Feminina Espírito-santense de Letras, sendo sua primeira presidente.

Aos 83 anos de idade publicou seu primeiro livro de crônicas e textos autobiográficos. Judith Leão Castello Ribeiro faleceu no dia 23 de março de 1982.

 jornalista-e-feminista-lydia-besouchet-528331-1.jpg 17 de junho de 2023 33 KBLidia Besouchet

Escritora, historiadora e ensaísta, nasceu em Porto Alegre, mas desde sua juventude viveu no Espírito Santo, onde cursou a Escola Normal Pedro II.

Intelectual de destaque, em 1934 mudou-se para o Rio de janeiro por motivos de ordem política, e passou a militar ativamente no Partido Comunista Brasileiro e a participar da mobilização da Aliança Libertadora, de oposição ao governo de Getúlio Vargas.

Quando seu companheiro, o jornalista capixaba Newton Freitas, cumprindo pena de mais de um ano de prisão foi libertado, como exilados viveram 12 anos na Argentina.

Com a posse de Peron, alinhados com o antiperonismo, deixaram o País, vivendo entre 1950 e 1980 na Bélgica, México, Argélia e Espanha.

Autora de romances, ensaios e livros históricos, a maioria em espanhol, Lidia Besouchet retornou ao Brasil, falecendo em 1977, aos 89 anos no Rio de Janeiro.

Carregar mais DETALHES DO ANEXO poetisa-capixaba-haydee-nicolussi-tera-sua-vida-e-sua-obra-literaria-relembrada-em-14-videos-505113-1.jpgHaydée Nicolussi

Figura singular, membro de família de imigrantes abastados, Hayée Nicolussi nasceu no dia 14 de dezembro de 1905, na cidade de Alfredo Chaves, pontilhando sua adolescência entre as montanhas da região e as praias de Vila Velha/ES.

Realizou seus estudos no Colégio do Carmo, em Vitória, cursando depois História de Arte no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, passo decisivo   para a seguir viajar para a França cursando a Sorbonne, em Paris, tornando-se a primeira espírito-santense a se graduar na área.

No Brasil, em 1929, teve um conto premiado publicado na revista “O Cruzeiro”, de grande circulação, tornando-se nacionalmente famosa.

Foi nessa época que Haydée Nicolussi, rica e já reconhecida, se aproximou da militância política, ingressando na luta revolucionária, engajada no movimento de esquerda, alinhada ao pensamento marxista.

Sofreu por isso duas penas de prisão, a primeira em 1932, em São Paulo, e a segunda, em 1935, no Rio de Janeiro, durante o período Vargas, ficando cinco meses prisioneira na Casa de Detenção da Rua Frei Caneca.

Poeta, escritora, tradutora, museóloga, pintora, Haydée Nicolussi retornou à literatura publicando, em 1943, o livro de poesia “Festa na Sombra”. Faleceu em 1970.

 maria-stella-de-novaes-27-1-e1687004565500.jpg 17 de junho de 2023Maria Stella de Novaes

Nasceu em 13 de agosto de 1894. Membro de tradicional família capixaba, foi educada seguindo preceitos religiosos, nunca tendo abandonado suas crenças católicas. Ela é outro destaque entres as mulheres pioneiras do ES.

Formou-se no Colégio do Carmo e cursou no Rio História Natural com o mestre Cândido Mello Leitão.

Primeira catedrática do ensino secundário no nosso ES, lecionou desenho, álgebra, caligrafia e ciências naturais na Escola Normal Pedro II e no Ginásio do Espírito Santo.

Foi ainda muito além, naturalista, historiadora, cronista, teatróloga, folclorista, orquidófila, aquarelista – atividades em que foi precursora e alcançou relevante protagonismo.

Participou do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e em 1949 foi uma das fundadoras da Academia Feminina Espírito-santense de Letras.

Feminista de postura moderada, defendeu espaço para a mulher na vida pública, questionando os papeis tradicionais atribuídos ao sexo feminino.

Já no seu tempo defendeu equidade de oportunidades entre homens e mulheres, na educação, no trabalho, na política, nas letras e nas outras diversas funções sociais.

Maria Stella Novaes foi professora, mentora e incentivadora de muitos espírito-santenses que se tornaram notáveis, entre eles o ecologista Augusto Rushi.

Faleceu solteira aos 87 anos, lúcida e lançando livros.

Professora e pesquisadora respeitada e reconhecida nos meios da inteligência capixaba, publicou ao longo da vida cerca de cem livros, boa parte deles estudos científicos na área da botânica, pedagogia, folclore, além de obras literárias.

 carmelia-caricatura-1.jpg 17 de junho de 2023Carmélia Maria de Souza

Escritora negra, lésbica, autodidata, foi uma das mulheres pioneiras com referência no jornalismo do Espírito Santo, com atuante presença nos jornais O Diário, A Tribuna, A Gazeta, Jornal da Cidade.

Carmélia Maria de Souza nasceu em Rio Novo do Sul no ano de 1936. Como cronista teve seu nome associado aos grandes escritores do Espírito Santo, como Rubem Braga e Amilton de Almeida.

De personalidade boêmia, amante da vida noturna, dos bares, das conversas literárias, foi uma referência para as mulheres que buscavam sua independência no tempo e no campo em que viviam.

 centro-carmelia-m.-de-souza-1.jpg 17 de junho de 2023A jornalista Carmélia de Souza conciliava seu estilo de vida com seu trabalho paralelo no Museu de Arte Histórica de Vitória e na Biblioteca da FAFI.

Morreu cedo, antes de completar 38 anos, em fevereiro de 1974, deixando um legado de coragem e ousadia.

Sua memória foi preservada com seu nome adotado como Patrona da Academia Espírito-Santense de Letras e em um Centro Cultural no Bairro Santo Antônio.

Sua única obra publicada (edição póstuma) – “Vento Sul”– reúne crônicas, reportagens, condensando um pouco do que foi sua vida e seus percursos.

 veronica-da-pas-1.jpg 17 de junho de 2023 10 KBMaria Verônica da Pas

Médica psiquiatra, militante feminista, nome-referência para mulheres pioneiras entre as mulheres negras do Espírito Santo, Maria Verônica da Pas, nascida em Minas Gerais, foi articuladora do movimento negro, deflagrado no Espírito Santo na década de 1980, tornando-se porta-voz dos antiracistas, em favor dos direitos da minoria.

Já em Vitória, essa mineira-capixaba, primeira de onze irmãos a cursar ensino superior, formou-se em Medicina pela EMESCAM, passando a atuar na área da saúde da mulher e com isso tomando ciência dos problemas que as afetavam, às negras principalmente.

Professora da UFES, coordenou em 1988 eventos comemorativos do centenário da Lei Áurea, partindo daí a ideia da criação de um museu como centro de referência da memória, da ancestralidade, das manifestações artísticas e da participação dos povos negros na construção da sociedade capixaba.

O Museu Capixaba do Negro (Mucane) foi criado e instalado oficialmente em 1963. Maria Verônica da Pas foi sua primeira coordenadora.

Ficou três anos à frente da instituição, até 1966, poucos meses antes de seu falecimento.

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O Portal Don Oleari – www.donoleari.com.br – pela Coluna, rende igual homenagem às mulheres que, com sua postura pioneira, abriram espaços para as gerações que a partir delas alcançaram luminosidade para expandir suas ideias e ideais.

O Poema “O RISO”, de Maria Antonieta Tatagiba, a maior poeta do seu tempo, é também um preito de reconhecimento a todas as intelectuais capixabas.

Rubens Pontes, jornalista

Capim Branco, MG.

O RISO

Maria Antonieta Tatagiba

Bendito seja o riso que os negrores

Da vida ao infeliz faz olvidar,

Como o vinho, adormece as nossas dores,

A quem sofre, é conforto singular.

Disfarça o sentimento sob flores

Padeces? Trazes, na alma, algum pesar?

Ri que o riso adormece as nossas dores

E nele, um lenitivo hás de encontrar…

Riso é ironia – riso é esquecimento.

Aos tristes dá o aspecto da ventura

E faz supor distante o sofrimento…

Riso – invencível arma de mulher

Que, rindo, docemente, com ternura,

Seduz o mundo inteiro, quando quer!

 maria-antonieta-tatagiba-1-e1687004639531.jpg 17 de junho de 2023(Registro do Portal Don Oleari – www.donoleari.com.br – Maria Antonieta Tatagiba, uma das mulheres pioneiras,  foi a primeira mulher a publicar um livro de poesias no Espírito Santo, “Frauta Agreste”, em 1927, um ano antes de morrer de tuberculose, em 1928.

Considerada a maior poeta do seu tempo, é Patrona da cadeira 32 da AEL – Academia Espírito-santense de Letras).

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NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari – Quinenqui digo sempre ao nosso colaborador Senior @Rubens Pontes, todo Editor é arbitrário. Nem poderia ser de outra forma. Chega-se a um momento em que cabe a ele, Editor, solitariamente, tomar uma decisão – afinal, tem que fechar a edição, “porra”, completa sempre. E ele parte.

Apenas pra dizer que decidi pela Carmélia M. de Souza como foto de capa porque com ela convivemos, fomos muito amigos, e estávamos sempre um tiquim à frente da “pachorrice capixaba”, como tratávamos aquele “devagar quase parando” de muitos “capixabas” do período. Carmélia foi uma lídima expressão do prafrentemente e do chutar a porta da mesmice (Don Oleari).

Editado por Don Oleari – [email protected] | https://twitter.com/donoleari

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham