Mustafás
Félix’s e Mustafás – José Coco Fontan fala da saga dos libaneses do Espírito Santo – centrando nos que se fixaram em Afonso Cládio – e terras mineiras. A imigração libanesa editou um capítulo importante na história do desenvolvimento dessa grande região, terras de contestado e inacessíveis até então para o progresso.
Coluna AQUI RUBENS PONTES:
MEUS POEMAS DE SÁBADO
Desde que decidi garimpar a influência dos “turcos” no Espírito Santo, sobre os imigrantes sírio-libaneses no desenvolvimento de várias regiões do estado, me surpreendi com o acolhimento ao tema. E, sobretudo, com os retornos recebidos pela coluna.
Acessamos um rico ninho de anotações e registros que configuram a presença desses imigrantes como muito mais importante do que muitos conhecem e supõe nossa vã filosofia.
Nas pesquisas, conseguimos arrolar um grande número de nomes e de famílias que chegaram, se fixaram e se tornaram famílias influentes e poderosas em várias regiões do ES.
O jornalista José Caldas da Costa logo aquiesceu ao pedido do Editor Chefão e plantou aqui na coluna um belo relato dos “turcos” do A
legre, região sul do ES.
Veja aí: https://donoleari.com.br/esfirra-ii/– A Geral, Aqui Rubens Pontes, Cidades, Diagonal
Esfirra II | Rubens Pontes apresenta “Os turcos do Alegre”, por José Caldas da Costa | 18/3
Na coluna deste sábado, 8 de julho, apresento o advogado, escritor, micro-historiador José Coco Fontan, ele próprio um descendente de imigrantes que vieram das brenhas da Itália, conforme anotações que me passou o titular do Don Oleari, portal de notícias – https://donoleari.com.br
Fontan é autor de vários livros que dissecam a micro-história de personagens, fatos e lugares da região serrana do ES. É autor também de Conceição do Castelo, Elementos da História – com várias edições esgotadas.
Nesse livro, ele narra os primórdios da ocupação dessa região, desde a histórica Estrada do Rubim à chamada Rota Imperial.
Ele é o criador do Memorial de Frei Alaor, situado ao lado da igreja católica de Conceição do Castelo, que se tornou um sítio de atração turística de religiosos de todo o Brasil.
O livro sobre Frei Alaor, também esgotado, deve ressurgir numa edição de 20 mil exemplares proximamente (Rubens Pontes).
Foto de capa: “fotogarfada” do grupo De volta ao passado em Afonso Cláudio
– https://www.facebook.com/groups/377949015560918
Mustafás
Daqui em diante, fiquem com a
narrativa de José Coco Fontan
Do comércio mascate de quinquilharias e bugigangas, de miçangas e bijuterias, os “brimos” caixeiros-viajantes ofegantes com baús e caixotes às costas, a pé ou montados, embrenhavam-se pelos ermos alcançando fazendas, sítios e sitiantes, sempre fazendo bons negócios. Fizeram história nessa época em que todas essas mercadorias eram novidades nesse mundo caipira.
Do Rio de Janeiro desembarcavam nas concorridas estações da Estrada de Ferro que, com as igrejas, eram o ponto central dos arraiais, das vilas e das acanhadas cidadezinhas. Muitos desses comerciantes ambulantes fixaram-se onde lhes pareceu mais promissor e, assim, atraíram tantos outros patrícios.
Em Afonso Cláudio, antigo São Sebastião do Alto Guandú, e adjacências, fixaram-se libaneses que formaram grandes famílias: Haddad, Saleme, Gastin, Deps, Habbib, Daud, Abikair, Nass, Zogaib (Zgheib), Pádua (Ayoub), Serra (Gharib) do lendário Garipe Serra (registrado como sírio-libanês no Livro Tombo da Igreja Matriz de Conceição do Castelo).
Na região alta de Santa Maria de Jetibá, no distrito de São João do Garrafão, estão os Guilherme. Em Ibatiba (antiga Vila do Rosário) estão os Alcure, Hartung, Chequer e Fadlah.
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Em Muniz Freire (antiga Vila do Divino Espírito Santo) estão os Deps e Chamon.
Em Castelo, os Habib, Mansur, Nemer, Scandar, Mussi, Sad, Morcef e Chamon.
Em Conceição do Castelo, os Derzi, Simão, Chamon e Ahmed Deud.
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Presença mais significativa está em Alegre, Guaçuí – antiga Rio Veado – Cachoeiro de Itapemirim, Mimoso do Sul (antiga João Pessoa), Muqui, Iúna (antiga Rio Pardo) e Jerônimo Monteiro (antiga Vala do Souza).
Pelo lado mineiro, nos contrafortes da Serra da Chibata (Serra do Caparaó) os libaneses marcaram presença em Espera Feliz, Carangola, Manhumirim, Alto Jequitibá e Manhuaçu.
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As marcas da imigração libanesa (sírio-libanesa, turca do Império Turco Otomano, árabe) estão no dia a dia dos espírito-santenses, nos hábitos e cultura de cama-mesa-banho.
Do primitivo comércio de quinquilharias e bugigangas, empreenderam como herdeiros da vocação fenícia para o mercantilismo e criaram grandes empresas – as famosas e tradicionais “firmas” de secos & molhados, as “vendas” de pano, sedas, casimiras etc, armazéns de café e cereais.
Certo é que fincaram o pé na vida e na cultura do Espírito Santo e, como de resto, na vida brasileira. Conhecemos e convivemos com os “brimos”, admirando-os pela afabilidade social, vocação comercial, ufanismo patriótico e religiosidade – a maioria cristã, católica e maronita (José Coco Fontan).
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A coluna AQUI RUBENS PONTES agradece aos colegas pesquisadores e historiadores José Caldas da Costa e José Coco Fontan pela extensão dos seus ricos textos, mapeando os “turcos” que se plantaram em vastas extensões e contribuíram expressivamente para o estado do ES se desenvolver.
Nosso poema de hoje é de Nazim Hikmet Ran, nascido em Salónica, então Império Otomano, hoje Grécia, em 20 de novembro de 1901.
Sua biografia registra que Nazim Hikmet ficou conhecido na Europa como o maior poeta de vanguarda da Turquia.
Seus poemas foram traduzidos para diversas línguas, incluindo o nosso português.
Integrou o Partido Comunista da Turquia e, para variar, foi muito perseguido pelas forças dominantes.
Nazim morreu em Moscou em 3 de junho de 1963 (Rubens Pontes).
Rubens Pontes, jornalista
Capim Branco, MG – [email protected]
Cartas a Piraye,
Nazım Hikmet:
Poemas das horas 21-22
Como é bom lembrar de você
Como é bom lembrar de você:
em meio a notícias de morte e vitória
na prisão,
passando dos quarenta anos de idade…
Como é bom lembrar de você:
na sua mão esquecida sobre um tecido azul,
e nos seus cabelos,
há a maciez serena do meu querido solo de Istambul…
É como uma segunda pessoa dentro de mim,
a felicidade de amá-la…
O cheiro da folha do gerânio que fica na ponta dos dedos,
uma calma ensolarada,
e o convite da carne:
dividida com linhas rubras,
uma cálida,
e profunda escuridão…
Como é bom lembrar de você,
escrever sobre você,
e deitar-me na prisão e pensar em você,
a palavra que você disse em tal dia e em tal lugar
não tanto ela em si,
como o seu mundo de expressão…
Como é bom lembrar de você.
Devo talhar alguma coisa de madeira para você de novo:
uma gaveta,
um anel,
e devo tecer uns três metros de seda fina,
E, imediatamente,
saltando do meu lugar
agarrando-me às trancas de minha janela
para o azul branquicento da liberdade
devo gritar o que escrevi para você…
Como é bom lembrar de você:
em meio a notícias de morte e vitória
na prisão,
passando dos quarenta anos de idade…
Fonte: Cadernos de Literatura em Tradução, n. 9, p. 143-192
Mustafás
Edição, Don Oleari – [email protected] – https://twitter.com/donoleari
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