Nossa dama Dona Luiza
23 de maio de 1535 | Quando tudo começou no Spiritu Sanctus
ARTIGO |
Manoel Goes Neto
Inicio reverenciando a grande escritora, acadêmica imortal, mestra e doutora Bernadette Lyra.
Ela afirma que ao escrever sobre a Capitoa Donatária da Capitania do Espirito Santo Luísa Grinalda (ou Grimaldi), quis também refletir sobre a vida das mulheres daqueles tempos.
“A vida de uma mulher é feita de três vidas: aquela que se diz que ela teve; aquela que ela bem poderia ter tido; aquela que ela teve de fato e não será jamais reconhecida”, afirma a escritora em sua obra A Capitoa, sobre como, com certeza, se deu a vida da nossa Donatária.
O romance “A Capitoa”, de Bernadette Lyra, trata de Dona Luísa Grinalda, Grimaldi ou Grinaldi, uma das primeiras mulheres a comandar um território brasileiro no Século XVI.
A autora resgata a história da viúva de Vasco Fernandes Coutinho Filho.
Ao pesquisar e decidir escrever esse romance, Bernadette Lyra decide falar sobre uma mulher que representasse outras, esquecidas pela história da humanidade. Nos anais quinhentistas não há quase nada sobre ela.
Não se sabe nem ao certo o seu sobrenome. E de seus amores, sofrimentos, desejos, alegrias, tristezas, nada se conhece.
Em seu tempo de mandato conviveu com o Padre José de Anchieta, que estava aqui, em terras da Capitania do Espírito Santo, quando o marido Vasco Fernandes Coutinho Filho faleceu.
Consta que o Padre Anchieta tinha grande amizade e respeito por ela, e tudo fez para mantê-la no cargo à frente do governo da Capitania do Espirito Santo.
Dona Luísa foi convocada na beatificação do Padre Anchieta para dar o seu depoimento acerca dos milagres do padre. Era Dona Luísa uma senhora de muitas virtudes, temente a Deus e aos Santos.
Dentre seus feitos importantes, registra a história, a vitória memorável sobre o corsário inglês Thomas Cavendish, que tentara tomar a Capitania do Espirito Santo.
A doação aos franciscanos da Montanha da Penha, que na época tinha apenas duas palmeiras imperiais e uma pequena ermida, também foi realizada por Dona Luísa,
Foi o que se transformou no nosso hoje Convento de Nossa Senhora da Penha, símbolo maior da religiosidade católica do nosso Estado.
Nossa dama Dona Luiza
Terminado o seu mandato em 1593, voltou a Portugal, onde se consagrou ao Serviço de Deus com o nome de “Soror Luísa das Chagas”, tornando-se freira, irmã de caridade, mulher recolhida, como se dizia na época.
As viúvas tinham permissão para entrar numa ordem religiosa feminina. Faleceu aos 85 anos no Convento do Paraíso, das Dominicanas, em Évora Portugal, em 1626.
Mas se a vida de Dona Luísa é ainda um enigma, como de resto a vida de tantas mulheres esquecidas pela história, nada nos impede que se a perpetue em uma estátua.
E que estendamos nossas homenagens à obra brilhantemente concebida pelo escultor de raro talento Hippólito Alves, filho da cidade de Anchieta, litoral sul do ES, e à nossa Capitoa Bernadete Lyra.
Nossa dama Dona Luiza foi resgatada por Hippólito e Bernadete em duas obras memoráveis.
E que nem a falta de dados e os esquecimentos históricos possam impedir que o nome da Nossa dama Dona Luiza,uma especial mulher, atravesse o tempo e volte a brilhar no solo da Prainha de Vila Velha/ES, nesses 489 anos de fundação, terra onde viveu, muito amou e se dedicou.
E que os espírito-santenses conheçam mais as nossas origens, a nossa rica história (Manoel Goes Neto).
Manoel Goes Neto – escritor, produtor cultural e diretor no IHGES
Nossa dama Dona Luiza
Edição, Don Oleari – [email protected] –
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