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Rubens Pontes | Pomerano: Sta. Maria de Jetibá, única cidade do mundo onde é ensinado e falado como segunda língua | 15/4

pomerano

Pomerano

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Rubens Pontes,
jornalista

 

Coluna

Aqui

Rubens Pontes

O portal don oleari se vê motivado por razões expostas ao correr do texto, a tecer novas considerações sobre o papel desenvolvido pelos pomeranos no município conhecido como Santa Maria de Jetibá, na região Serrana do ES.

Este texto é um  complemento do que fora anteriormente abordado sobre a fascinante cidade capixaba.

 imig-primeira-parte-doc-1-scaled-e1681511818282.jpgSandra Medeiros, escritora patrícia, confirma o fato histórico de ter sido o Espírito Santo resultado de uma mistura de raças, uma herança europeia presente, por exemplo, nas danças italianas, Pomeranas, holandesas, polonesas – resistentes e renovadas – na culinária, nos festivais que ainda hoje  recebem milhares de pessoas de todo o estado e até além fronteiras.

O destaque que o portal do oleari levanta, associando-se a esses registros, se refere a um fenômeno único, o movimento ocorrido no século XIX com a imigração pomerana e seus desdobramentos.

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imigração pomerana

Em 1860, há 164 anos, portanto, aportou no Rio de Janeiro o primeiro grupo de imigrantes pomeranos: eram 27 famílias com 117 pessoas, após uma viagem de 2 meses cruzando o Atlântico.

Uma escala para chegar a Vitória no dia 28 de junho. A data ficou marcada como o “dia do imigrante pomerano”, desde  então comemorado no Espírito Santo. O número de imigrantes teve um crescimjento expressivo. Entre 1868 e 1874 esse número subiu para 22.223.

Chegando ao Espírito Santo, os pomeranos receberam terrenos em santa leopoldina,  região denominada  alta Pomerânia,em meio à floresta virgem e  agressiva que cobria a área, onde seria criado o município de  santa maria de jetibá.

Koomt gaud an

A coluna se coloca na condição de observadora, sem opinar, registrando como  dever-de-ofício, a colocação, na entrada da cidade de Santa Maria de Jetibá, de uma placa de boas vindas aos visitantes em língua pomerana.

A justificação oficial se abriga no fato de noventa por cento dos 35 mil habitantes da cidade serem bilíngues e o Pomerano ser preservado desde as crianças que aprendem a falar a língua materna antes do português.

Nas escolas da cidade, por exigência de lei municipal, é obrigatório o ensino  do Pomerano como íingua co-oficial, ao lado do português.

Nos estabelecimentos comerciais os vendedores conversam com os clientes na língua dos seus antepassados. Nas esquinas da cidade o “papo” invariavelmente também é em pomerano..

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ismael tressmann

Superando a  ditadura

O professor Ismael Tressmann, residente na cidade, autor do dicionário  pomerano-português, lembra ter a língua deixado de existir na Europa, com a região da Pomerãnia  dividida em duas partes, uma anexada à Polônia e outra à Rússia.

No Espírito Santo, acentuou ele, conseguimos manter as tradições trazidas pelos colonizadores. Cruzamos tempos ásperos, forçados a abandonar a língua durante os governos militares. À época da ditadura não era permitido falar pomerano.”.

Costumes superando o tempo

A narração é do professor Tressmann:

“..com olhos azuis, cabelos louros e pele muito clara, os moradores de Santa Maria de Jetibá seguem as  tradições pomeranas, entre elas o vestido  da noiva na cor preta;  a sopa doce de pêssego como sobremesa no almoço dos domingos; e a apresentação de versos pelas crianças na véspera do natal  garantindo a entrega dos presentes trazidos por papai noel – wijnachtsman, o homem-Natal.”

A gastronomia obedece receitas pomeranas como a comida branca (witeeten) à base de raízes, galinha e  macarrão.

A economia da cidade é baseada na agricultura. A economia de Santa Maria de Jetibá cresce através dos cafezais e da produção de ovos, a segunda maior do Brasil.

Quase como se fosse cordel

Iniciativa da Academia de Letras, Artes e Cultura de Santa Maria de Jetibá tem fundas implicações com o  processo migratório que marcou o povoamento da região, há mais de  160 anos.

Em cada árvore de sua principal avenida e nas ruas adjacentes foram fixadas poesias de autores brasileiros  e da terra (ver foto de capa).

Com a narrativa, a coluna publica um poema de Derlane Koeeler no original pomerano com sua tradução,  ilustrativos do que foi dito.

Rubens pontes, jornalista

Capim Branco, Minas Gerais.

Pomerische wörtels

Derlane Koeler

 

Afstamerfondempomerische folk,

Ikbünstolstaumdatsägen.

Aingrootgeschichthäwe’sbeleewt

Unikbünhijrtaumdatfortelen.

 

Sai sinfonpomerlanduuwandert,

Taumnihungren.

Sai leewtemankfeelekonflikte,

Datdatsërswårtaumwijrerdrijwenwäir.

 

Sai sin in hamburg (hawen) insteege

Unbet vitória henkåme.

Nijgland, nijgwild,

Feelwaldunbärgetaumupfijnen.

 

Hüüthäwikschulden,

Wat iknibetåltkrijg.

Sai häwe soo feeldaileschaft

Dårbünikstolsoiwertaumfortelen.

 

De ülrerdauikdanke,

Wat ooswånenhijruprichthäwe,

Un arbërekoineupdësemland.

 

Raízes pomeranas

 

Tradução Simone Kurthdettmannhila

 

Descendente do povo pomerano,

Tenho orgulho de falar.

Uma grande história tiveram,

E estou aqui para contar.

 

Emigraram da Pomerânia,

Para fome não passar.

Viviam em meio a tantos conflitos,

Que era difícil prosperar.

 

Embarcaram em Hamburgo

E chegaram em Vitória.

Nova terra, novo mundo,

Muitas matas e montanhas a desbravar.

 

Hoje tenho uma dívida

Que não consigo pagar.

Criaram tantas coisas,

Que tenho orgulho de falar.

Agradeço aos antepassados,

Que aqui fizeram morada,

E por nesta terra poder cultivar.

https://twitter.com/donoleari

Kleber Galvêas: um terreno na Barra do Jucu, VV/ES, que dorme e não sonha | 14/4

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Don Oleari - Editor Chefão

Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
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