processo
Coluna
AQUI RUBENS PONTES:
Meus poemas de sábado
Foi uma época em que a cruz e a espada se impunham no processo de colonização do Brasil.
Eram então frequentes as lutas pela posse da terra, comandadas pela Igreja Católica e pelos invasores e dominadores portugueses, com a solidariedade irmanada de jesuítas e franciscanos, responsáveis pela catequese dos índios e assistência religiosa aos colonos e suas famílias.
Na segunda metade do Século XIX, nossa Província era ainda constituída, em seus espaços mais largos, por terras devolutas cobertas por densas florestas devolutas.
Registro do historiador Celso Perota:
“As aldeias e os jesuítas no ES ” (Morro do Moreno, acervo UFES) nos revela que as Missões da Companhia de Jesus estavam organizadas em uma igreja funcionando como centro de trabalho, atuando como “Missões da Companhia de Jesus”, com ênfase em uma relação de aldeias sob sua direção – Muribeca, Araçaíba, Itapaca e Carapina (todas no atual município de Serra, ao norte da capital do ES, Vitória).
A técnica de catequização consistia em manter os índios em suas aldeias, onde recebiam ensinamentos da religião e continuavam produzindo bens de consumo para sua subsistência. Só iam à Missão – a Igreja sede – para receber o sacramento do batismo.
Cerca de 30 mil indígenas eram atendidos nas Missões de Guarapary, fundada em 1585 – a imagem à esquerda anota a data; Reritiba, em 1579; Orobó , em 1580; Muribeca, em 1581; Montes Castelo, criada em 1625.
Fonte: jornal A Gazeta, 19/8/1999 – Neida Lúcia Moraes)
Esta capitania se tem por melhor coisa do brasil, depois do Rio de Janeiro
(Carta de Manoel da Nóbrega, 1560)
Monsenhor Eurípedes Pedrinha foi poeta, ensaísta, orador sacro. De uma família tradicional de desbravadores, um dos maiores intelectuais daqueles tempos, nasceu às margens do Rio Doce, mostrando-se um apaixonado pelo Espírito Santo. Escreveu ele:
“A viçosa mata e alegres campos de Moab (*) vestiam flores muito gentis e formosas; a pura atmosfera preenche e suavíssima fragrância que em profusão derramavam aquelas pétalas e ramos viventes mostravam-se benéficas e atraentes.
A Igreja Católica solenizava com aparatosa pompa os maiores dias do cristianismo, nos quais o Céu mandava aos apóstolos ensinamentos para regarem e defenderem a já nascida e frutuosa moralidade da vida…”
(*) Moab – na linguagem indígena calçados, alusão ao calçado do homem branco.
A expulsão dos jesuítas
Tudo correndo no ritmo natural de ocupação gradual da terra então descoberta, atuando em busca de objetivos nem sempre comuns.
A Corte Portuguesa policiando suas riquezas, a poderosa Igreja Católica plantando dogmas e os imigrantes europeus buscando espaços para sua atividade.
Até a Carta de Lei do rei D. José I, de Portugal, ordenando que se fizesse cumprir as intenções do papa Clemente XIV de suprimir e extinguir de todos os seus reinos domínios a Companhia de Jesus, assim como tudo o mais relacionado a essa ordem religiosa.
Em consequência, foi expulsa do Espírito Santo colonial a Companhia de Jesus.
O ano era de 1773 e a bula papal “Dominus ac Re Redemptor noster”.
Encerravam-se ali as atividades de uma ordem religiosa fundada por Inácio de Loyola no ano de 1540 e que trouxe ao nosso Estado, na comitiva de Tomé de Souza, em 1549, os chamados “Soldados de Cristo”.
Aos jesuítas competia, além da catequese, a transmissão da cultura portuguesa por meio doensino, por eles monopolizados até meados do século XVIII. Fundaram em todo o território ocupado missões religiosas e aldeamentos indígenas de caráter civilizador e evangelizador.
Difundiram a língua dos Tupinambás (nheengatu), muito falada no Brasil daquela época.
O poder e a influência dos jesuítas foram duramente contestados durante a administração portuguesa do Marquês de Pombal, gerando um conflito de interesses que culminou com a extinção sumária da Ordem.
Para os capixabas, nunca desaparecerão as marcas deixadas pelos jesuítas, da cidade homenageando o nome de Anchieta à sede do Governo, bem a propósito, no coração de Vitória.
Com o poema publicado, o Portal Don Oleari rende suas melhores homenagens aos jesuítas e aos evangelizadores de todos os credos, portadores da palavra de Deus.
Rubens pontes
Capim Branco, MG
Era uma vez esta foto colada na memória
katia bento
índia puri pé descalço
torrão de chão no seu passo,
a noite fez seu cabelo
breu liso que esvoaça.
puri em paz no instante
perfeitamente intocado –
no veio, vau incessante
do tempo em gota passando
me dá, dá só um pedaço
desse momento encantado
antes que a água doce
caia em sanguínea emboscada.
te quero tocar os dedos
dar-me de abraços e beijos
entre teu corpo de fruta
mergulhemos
nesse nosso rio manso
nesse pedaço de instante
puri – de paz e poema.
alguém que teria
sua alma tapuia
(então me segreda:
-vou ser sua amuia
– herança de avó e neta-
índia puri e poeta.
grito e choro e corro:
amuia!
-soa meu grito tapuia.
e tupanci me carrega
da cena aberta na mata.
por mais que o grito se escorra
a mão de nossa senhora
bem segura à minha mão
me conta que “ela não ouve
nem me vê”. mas inda trago
no meu o seu coração
ferida de toda ira
mão braba do capitão.
tocada de todo açoite
chicote do capitão.
processo
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