Quem ganhou quem perdeu
Quem ganhou quem perdeu, quem esteve em primeiro acabou em terceiro, quem apostou no “já ganhou” se perdeu
COLUNA
PANO DE FUNDO |Política | Bastidores
Anilson Ferreira
Acompanhei o dia a dia do segundo turno da eleição no grande município da Grande Vitória. Uma avaliação de observador e narrador da cena.
Como anotei aqui em matéria do último dia de campanha, pressenti no cenário que Weverson Meireles seria o novo prefeito. E anotei também os erros da campanha do seu opositor, Pablo Muribeca.
Quem ganhou e quem perdeu na eleição de Serra
Na bolsa política do segundo turno em Serra, houve ganhadores e perdedores. Vamos analisar quem se destacou na temporada política.
O quase ex-prefeito Sérgio Vidigal (PDT) foi um dos grandes vencedores. Ele percebeu que se fosse o candidato, poderia perder.
Não para seu desafeto Audifax Barcelos, mas para o supostamente novo e imprevisível.
Então, decidiu colocar no cenário um quase desconhecido, seu secretário de confiança, Weverson Meireles, também do PDT.
Com essa estratégia, afastou seu eterno rival, Audifax Barcelos, do PP.
O eleitor, em sua maioria, concluiu que, se não havia Vidigal, também não havia Audifax. É como dizer: se não tem Cruzeiro, para que Atlético? Se não tem Grêmio, de que serve o Inter?
Audifax: primeiro nas pesquisas, terceiro nas urnas
Algumas pesquisas eleitorais do primeiro turno colocavam Audifax em primeiro lugar.
Mas, ao serem abertas, as urnas mandaram Audifax para o terceiro lugar, fora do segundo turno.
Outra vencedora
Uma grande vencedora foi a marqueteira Jane Mary de Abreu Marques, que cuidou da imagem de Weverson de maneira exemplar.
Jane Mary é uma profissional experiente, conhecedora do ambiente e conhece do seu ofício. Já ganhou muitas outras campanhas.
A do jovem prefeito eleito da Serra deve ser um quesito valoroso do seu rico currículo profissional, pois Jane Mary mandou Weverson Meireles de um desanimador 1 % na primeira pesquisa para seus vitoriosos 138.060 votos da vitória final.
Com Sergio Vidigal, outro vencedor foi o governador Renato Casagrande que esteve direto na campanha de Weverson. Paralelamente, anote-se também o vice-governador Ricardo Ferraço e o MDB da vice-prefeita, a Delegada Gracimeri.
Audifax, o grande perdedor
Por outro lado, Audifax Barcelos sai da eleição esvaziado, sem definição do seu futuro político.
Preferiu não apoiar qualquer candidatura, o que o isola ainda mais. Sabe-se que Audifax detestava a ideia de ir para um segundo turno com Pablo Muribeca, como chegaram a sinalizar algumas pesquisas.
O confinamento no terceiro lugar, com cerca de 3 mil votos a menos que Muribeca, poderá ter levado o perdedor a baixar o salto do seu sapato.
Gracimeri se destacou
A Delegada Gracimeri (MDB), eleita vice-prefeita, também se destacou por sua contribuição à campanha, levando a mensagem de segurança representando e conversando com as mulheres.
Ela é filiada ao MDB – no vídeo com o prefeito eleito e o líder emedebista Sebastião Pelaes.
Ela agora tem boas perspectivas para uma futura candidatura a deputada estadual ou federal e certamente será bastante procurada. Aqueles que apoiaram Pablo Muribeca saem com pequenas perdas, mas o eleitor já está ciente dos nomes envolvidos.
Alexandre Xambinho
Outro que se destacou foi o deputado estadual Alexandre Xambinho, que coordenou uma campanha difícil, começando com menos de 1% nas pesquisas. Vídeo do fim da campanha.
Ele deve ir para sua reeleição com uma base eleitoral mais forte.
Outra perda notável foi a conotação ideológica, já que os aliados de Muribeca tentaram inserir a polarização de esquerda e direita em uma eleição municipal, algo que foi rejeitado pelo eleitor em quase todo o Brasil.
O que realmente importa são temas como saúde, educação e segurança, são as questões do dia a dia, da rua e do bairro de cada um.
O grande vencedor
Sérgio Vidigal sai fortalecido da eleição, com potencial para uma candidatura majoritária, seja para governo ou Senado.
Weverson Meireles também se destaca, com apenas 33 anos, gerenciando um município com um orçamento significativo e uma administração que já tem 28 anos de história.
Pontos negativos
Não emplacaram denúncias infundadas durante a campanha, envolvendo desde comprovantes de residência até acusações de agressões que não se concretizaram.
Justiça eleitoral, outra vencedora
A Justiça Eleitoral também foi uma vencedora, aplicando medidas rigorosas para ambos os lados, como proibições de vídeos e prisões no dia da eleição, até mesmo de vereadores eleitos.
O uso de religião na política se mostrou contraproducente, com padres e pastores atrapalhando mais do que ajudando.
Por outro lado, um número significativo de eleitores não votou ou optou por votos em branco ou nulos, quase superando o total dos votos dos candidatos eleitos e não eleitos.
Sueli Vidigal
A ex-deputada Suely Vidigal também teve um bom desempenho, organizando a militância e mantendo um diálogo ativo com as mulheres nos bastidores.
Muribeca: perde, mas sai fortalecido
Ao analisar a candidatura de Pablo Muribeca, do Republicanos, perdedor da eleição, mas, ainda assim, sai posicionado com uma votação expressiva.
Teoricamente, poderia tentar uma candidatura a deputado federal, embora analistas avaliem que aqueles 90 mil votos não são dele, vieram de diversas vertentes, que poderão não seguir com ele proximamente.
No entanto, deve refletir sobre os erros de sua campanha, como a polêmica do “tiro não dado” no Bairro Central Carapina e a insistência em questionar a residência de seu adversário.
Outro erro que qualquer marketeiro amador tiraria da pauta de Muribeca: a ênfase em pautas ideológicas de direita e esquerda.
O eleitor quer propostas concretas e imediatas, quer saber se o prefeito vai cuidar dos buracos da sua rua, se vai ter bom atendimento nas unidades de saúde, se vai ter creche para suas crianças.
São questões locais, da calçada e da porta da casa de cada um, da sua rua, do seu bairro.
Seu discurso foi evasivo, repleto de ataques e carente de propostas concretas de interesse do eleitor. Por isso, apanhou muito do candidato vencedor, que o acusava de falta de projetos para a Serra.
Contudo, ele conseguiu se destacar e, segundo ele diz, “furou a bolha” de 28 anos da dupla Vidigal ou Audifax.
Um exagero, na verdade, eivado de uma certa arrogância que seus marketeiros não dosaram ou não tiveram competência para tanto.
Em Vitória, Vila Velha e Cariacica, tudo foi decidido no primeiro turno.
Com isso, a Serra, que já é o município mais populoso, o maior colégio eleitoral, ultrapassando o PIB (Produto Interno Bruto) de Vitória, a capital, eleitores começam a considerar a possibilidade de um plebiscito para que a capital deixe de ser Vitória e passe a ser Serra. Será?
Frutos da imaginação, naturalmente (Anilson Ferreira).
Quem ganhou quem perdeu
Edição e texto final, Don Oleari