Sinal dos tempos
Durante minha infância e pré-adolescência, na primeira metade da década de 1970 e início da segunda, morei bem próximo da subida do Morro de Jaburuna, em Vila Velha/ES.
Naquela época, quando o relógio marcava meio-dia no dia 12 de outubro, começava um longo e barulhento foguetório em comemoração ao Dia de Nossa Senhora de Aparecida, pois até onde me lembro, esse teria sido o horário em que a imagem negra da santa teria sido encontrada por pescadores no rio que cruza o hoje município de Aparecida do Norte, no século XVIII.
No início, quando ainda tinha sete ou oito anos de idade, achava que aquele foguetório todo era em homenagem ao Dia das Crianças, até porque na época a data ainda não era feriado nacional dedicado à Padroeira do Brasil.
Recentemente, completei 60 anos de idade e entrei na Terceira Idade. Atualmente moro próximo de morros habitados predominantemente por famílias dos extratos populares do município de Vitória/ES. Como resido relativamente próximo da Baia de Vitória, também consigo ouvir foguetórios quando eles acontecem não só no mesmo Morro de Jaburuna, mas em outras regiões ocupadas pela população pobre de Vila Velha/ES.
O meu relógio marcava meio-dia e assim como venho observando nos últimos 15 ou 20 anos, não ouvi nenhum espocar de fogos de artifício. Para dizer a verdade, não ouvi barulho de um único foguete.
Nenhum barulho, nem mesmo de tiros, cujos sons já se tornaram rotineiros para mim, provenientes dos morros da Garrafa, São José e Jesus de Nazareth.
Sinal dos tempos. Tempo, tempo, tempo, Senhor de todas as coisas, de todas as cores e de todas as dores…
Sinal dos tempos
Edição, Don Oleari – [email protected] –
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