Frases que só brasileiro entende (e sente na pele)”

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Frases que só brasileiro entende: “tem, mas acabou de acabar”

edilson-lucas-do-amaral-outra-pra-assinatura-nova.jpg 11 de janeiro de 2025 15 KB
edilson lucas do amaral

CRÕNICA |

EDILSON LUCAS DO AMARAL JÚNIOR

Se existe um idioma paralelo dentro da língua portuguesa, ele se chama brasileirês coloquial.

Não está nos dicionários, mas está no sangue, no café coado, na novela das nove e na fila do banco esperando o cartão virar.

Numa terça-feira qualquer, alguém chega com cara de quem “tá só o pau da rabiola” — e ninguém duvida. Porque ali, no olhar cansado e na blusa desbotada, mora a certeza de que o vento da vida já fez até a linha do carretel se embaraçar.

“Tem mais acabou”, ele diz, com a convicção filosófica de quem aceita o fim do pão francês na padaria como aceita o destino.

A manhã segue e a fome bate, mas não é qualquer fome. É aquela vontade esquisita de comer “alguma coisa, mas não sei o que é”.

É um apetite existencial. Uma fome sem nome, igualzinha àquela saudade que a gente sente de um lugar onde nunca foi.

O telefone toca. É confusão. “Me inclui fora dessa”, alguém dispara, sem cerimônia.

Porque aqui no Brasil, a pessoa se exclui se incluindo — e tudo bem. E se alguém tentar discutir, já dizemos: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.” Pronto. Debate encerrado com selo de autenticidade nacional.

Enquanto isso, na calçada, “o movimento tá meio parado hoje”.

Frase de comerciante, de taxista, de quem conta o tempo pelo vaivém da cidade.

A pessoa ficou “trancada pelo lado de fora” e, por algum motivo, ninguém ri dela — porque todo brasileiro já viveu esse pesadelo, geralmente de chinelo e toalha no corpo.

Quando o calor beira o insuportável, alguém declara: “Vou esperar o sol esfriar.”

Parece piada, mas é um desejo sincero, quase poético. E ao cair da noite, a luz da sala “dorme acessa”, porque aqui a eletricidade também tem insônia.

Conhecemos “não sei quem é”, escutamos “só pra ver” e juramos que “não vimos o cheiro” — e tudo isso faz completo sentido, pelo menos por aqui.

E se o assunto é importante, melhor deixar pra depois: “Agora, só amanhã.”

No fim das contas, essa coleção de frases é o verdadeiro retrato falado da alma brasileira: cansada, criativa, dramática e bem-humorada.

Porque, no fundo, a gente entende tudo — mesmo quando a gente mesmo diz que não entendeu nada.

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Edição, Don Oleari[email protected]

Capa: ilustração de Dalva Roth, “fotogarfada” do Facebook, da página Ler é bom demais – https://www.facebook.com/lerdemais

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
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