A tal Ordem
Pensando, pensando, pensando!
ARTIGO |
Eustaquio Palhares
Ao fundo do cabo de força instaurado pela Covid e como a doença e seus desdobramentos – vacinas, inclusive – é percebida por diferentes idiossincrasias, especula-se a onipresença de um projeto de Ordem Mundial, algo do tipo uma “compliance” planetária sobrepairando fronteiras nacionais e efetivando o que se intentou com a ONU e até então não passou de um simulacro de fórum planetário.
O tema acirra os ânimos. Há quem o veja como um projeto de esquerda, uma releitura do “proletários do mundo uní-vos” adaptada ao Terceiro Milênio, onde Marx foi apenas o ponto de partida, Gramsci refinou e a realidade desconstruiu com o malogro de todos os projetos socialistas do planeta que só se sustentaram enquanto os canhões conseguiram mantê-los.
Mas o apelo sedutor da Justiça Social sempre mobilizará os que crêem convictamente na possibilidade – ou no dever – de tratar igualmente os desiguais.
A Direita vocifera ante a menção dessa tal Ordem pela intrínseca incompatibilidade do socialismo com a liberdade de iniciativa e outros valores que lhe são caros, como o senso de patriotismo, o conservadorismo (que muitos ainda confundem com uma oposição à evolução social, quando na verdade é uma proposta de evolução social sem ruptura com as instituições que a sociedade erigiu ao longo de sua formação), uma agenda de costumes e outras coisas…
A tal Ordem
Mas a tal Ordem Mundial conforme aventada parece coisa de deixar Hitler e Mussolini com inveja.
A diferença é que em vez de circunscrever o nazismo e o fascismo às as suas fronteiras, mesmo que expandidas, a tal nova Ordem engendrada por megas empreendedores como Bill Gates, George Soros, a Fundação Rockfeller – entre outros – promove um darwinismo social que trabalharia por uma abordagem de evolução social em que a população desvalida ficaria à sua própria sorte sem onerar a sociedade com os custos sociais de mantê-la em condições minimamente dignas.
O controle da população não se daria, assim, pelos mecanismos naturais de guerras e doenças, mas por uma ação deliberada no sentido de planejar um quantitativo populacional que se adequaria às reservas de recursos naturais do planeta.
Na verdade, um teratológico projeto de eugenia onde uma tese aparentemente racional significaria a desumanização da humanidade.
A revolução tecnológica exponencializada pela Tecnologia da Informação já nos adverte que a prevalência do algoritmo não apenas viabilizará a implementação do Big Brother conforme prenunciado por George Orwell por uma conectividade total e amplo domínio de nossos dados pessoais e características genéticas, como produzirá um contingente de excluídos do processo produtivo.
Se Marx identificou a alienação dos meios de produção que gerava o proletariado, mas que continuavam essenciais no nascente capitalismo industrial, o advento do algoritmo torna dispensável mesmo ofícios de maior qualificação intelectual já que pode substituí-los.
De médicos a engenheiros, passando por jornalistas, advogados, químicos, biólogos e outros. A imunidade mesmo que provisória a esse nível de inteligência onde as máquinas aprendem por erro e repetição parece assegurada apenas, e por enquanto, às atividades que requerem criatividade e imaginação, a insubstituível subjetividade humana.
Das nove categorias de inteligência hoje já mapeadas (logico-matemática, linguística, espacial, musical, cinestésica, intrapessoal, interpessoal, naturalista e existencial) sucumbem imediatamente ao algoritmo a inteligência lógico-matemática e a inteligência linguística aparentemente mais acessíveis ao aprendizado das máquinas.
Essa parece ser a nova esquina ideológica da humanidade, por isso ainda de maneira aleatória, esparsa, começa a aflorar a ideia de que a alternativa a um projeto totalitário de exclusão dos incapacitados para a nova ordem econômica, deixando-os à sua própria sorte é a instituição de um programa de renda mínima universal que permita, pela produtividade dos incluídos, que se transborde para os que não estão aptos à contribuição econômica um padrão de renda compatível com a dignidade humana.
Para que a Humanidade mereça esse nome.
A tal Ordem
Edição, Don Oleari – [email protected] –
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