Correio da Manhã
Oleari terminando ajustes.
O jornalista e professor Alexandre Caetano “vasculhando os arquivos online” do histórico jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro/BR.
NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari |
Caetano é um pesquisador contumaz, dedicado a resgatar episódios da história do Brasil Varonil, dos últimos 60 e poucos anos. Ele sempre nos brinda com um belo trabalho quinenqui este que entregamos à inferneti (Don Oleari).
Por Alexandre Caetano
Na edição do dia 3 de abril de 1964, o jornal Correio da Manhã, que apoiou o golpe de 1º de abril de 1964, protestava, em editorial intitulado “Terrorismo, não”, contra a depredação das instalações do vespertino Última Hora.
Criado e dirigido pelo jornalista Samuel Wainer e ligado ao trabalhismo varguista, o ataque ao jornal foi muito provavelmente praticado por apoiadores do então governador da Guanabara, Carlos Lacerda, que era tratado pelo jornal de Wainer – apoiador de Jango – pelo epíteto de O Corvo.
O Correio da Manhã criticava duramente o Dops (Delegacia de Ordem Política e Social), cujos agentes teriam sido cúmplices da depredação:
“Só uma ilegalidade o DOPS não confessa e não menciona: a invasão e destruição do vespertino “Última Hora”. Pode-se discordar – como discordamos – da orientação desse jornal. Mas é um jornal”.
Continuava o protesto do Correio da Manhã pela violência contra o jornal Última Hora:
“O ataque contra esse ou qualquer outro jornal é um crime contra a liberdade de imprensa. Advertimos todos os jornais da Guanabara e do país: se o crime contra aquele vespertino permanecer impune, a liberdade de imprensa no Brasil acabou.
Também recomendamos o assunto à SIP, sempre tão vigilante, menos quando o agressor da imprensa é o sr. Carlos Lacerda.” (Correio da Manhã, 3 de abril de 1964, p. 06).
O crime permaneceu impune, mas não livrou o sr. Carlos Lacerda do ostracismo ao qual acabou sendo jogado pelos golpistas que ele mesmo incitou e apoiou fervorosamente. Lacerda esperava que eles iriam pavimentar seu caminho e sua pretensão de chegar ao Palácio do Planalto.
Ledo e mortal engano, Acabaria tendo seus direitos políticos cassados anos depois e até mesmo sido preso por algumas semanas após a decretação do AI-5.
Não menos sorte teve outro político que acreditou que tinha tirado a “sorte grande” ao apostar num golpe contra a democracia como alavanca para o poder.
O governador de São Paulo, Ademar de Barros, segundo denúncia feita na mesma edição do Correio da Manhã, havia chegado ao desplante de nomear interventores para órgãos federais no Estado. Um ano depois, seria acusado de corrupção e cassado pelos mesmos generais que havia bajulado fervorosamente.
Ambos atropelados pelo trem da história, em que ao contrário do que afirma a letra da canção de Pablo Milanês, nem sempre está cheio de gente contente, mas sim de um povo sofrido por séculos de opressão e exploração (Alexandre Caetano).
Correio da Manhã
Edição, Don Oleari – [email protected] –
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