Eco Chatos
Ecologista e Eco Chatos à parte, mas em Abrolhos o ICMBIO só fiscaliza barcos de turistas, não predadores do parque. Em Luanda, África, um parque que salva “meus parentes gorilas”, diz o autor
REPERCUSSÃO DA REPORTAGEM FELIPE RIGONI E SEU PROJETO DE ENTREGAR PARQUES A PARTICULARES
RENATO FISCHER
Confesso que a Ecologia não é um assunto que me envolva profundamente. No entanto, sinto a importância do meio ambiente, como qualquer pessoa.
Gosto muito de plantas e animais. Nasci cercado por eles, aprendendo com meu avô e meu pai, que saíam à noite na mata para caçar caçadores que invadiam nossa terra para matar tatus e pacas.
Mas o que me traz aqui é o polêmico projeto do Governo do Estado, capitaneado pelo Secretário de Meio Ambiente, Felipe Rigoni, que propõe parcerias com a iniciativa privada para cuidar e explorar nossos parques ecológicos.
A matéria do Don Oleari Portal de Notícias foi essa aí:
Felipe Rigoni quer entregar parques ambientais ao predatório turismo de massa
Surpreendentemente, tenho visto muitas críticas pesadas ao projeto. Eu, pessoalmente, não li o plano e, portanto, não venho aqui criticar quem está criticando.
Pode ser que o projeto não tenha sido bem elaborado e, por isso, seja passível de oposição. O que quero expressar é a minha simpatia pela causa do projeto.
No Brasil, muitas pessoas, especialmente os ecologistas e até pseudo-naturalistas, se colocam contra essas iniciativas, muitas vezes sem ao menos ler os projetos ou, quando leem, se opõem por questões ideológicas.
Se bem elaborados, com diretrizes claras e normas definidas, essas iniciativas têm dado certo ao redor do mundo.
Afinal, os parques sob gestão pública, sem investimentos adequados, ficam à mercê da degradação natural, sendo frequentemente alvo da predação humana.
Eu não conheço os parâmetros específicos do projeto em questão. É isso que precisamos conhecer, discutir e alinhar para alcançar um equilíbrio mais eficaz entre preservação e exploração sustentável.
Exemplo positivo: Os gorilas estão ameaçados de extinção. Para protegê-los, foi criado o Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda, administrado por uma associação de empresas e ONGs.
Lá, o turismo local é explorado de forma responsável, ajudando a preservar os animais e seus habitats, o que tem contribuído para o aumento da população.
Eu, pessoalmente, gostaria de visitar esse local em breve para ver de perto meus parentes gorilas.
Exemplo negativo: O Parque Nacional Marinho de Abrolhos, no Brasil, é administrado por dois órgãos governamentais: a Marinha e o ICMBio.
No entanto, esses órgãos não dispõem sequer de uma embarcação adequada para fazer a vigilância no local. Quem frequenta Abrolhos desde as décadas de 80 e 90 percebe claramente a degradação progressiva da vida marinha.
Mês passado, vi um barco que parecia ser de pesca a poucos quilômetros das ilhas.
Pior ainda: operadores turísticos locais informaram que pescadores estão utilizando até compressores para caçar budiões, peixes símbolo das formações de corais.
E muitos dos que defendem causas ecológicas no Brasil provavelmente estão saboreando moquecas feitas com esses peixes.
Posições controversas de “defensores” da ecologia
Em Abrolhos, o ICMBio, ao iniciar sua atuação no parque, proibiu que se jogasse migalhas de pão na água para atrair os peixes. Era uma cena linda: os barcos chegavam e, logo, formava-se um aquário de peixes esperando pelo alimento. Nós descíamos à água e convivíamos com os cardumes.
Uma equipe do ICMBio explicou que não se podia alimentar os peixes, pois isso poderia contaminá-los e, com o tempo, eles perderiam a capacidade de procurar comida por conta própria.
Vejam: EU OUVI ISSO!
Tenho visitado muitos parques marinhos ao redor do mundo e nunca ouvi uma justificativa tão absurda.
Ao contrário, locais como as Bahamas, Honduras, África do Sul, Egito e Maldivas praticam mergulhos com tubarões, e os turistas levam carne para atraí-los. É uma prática normal e aceita pelos órgãos ambientais desses países.
Aqui, não podemos dar pão aos peixes, porque isso “os faria desaprender a procurar comida”.
No entanto, eles continuam a procurar onde encontram, muitas vezes em anzóis, que não são fiscalizados pelos órgãos do governo.
Em Abrolhos, o ICMBio só fiscaliza os barcos de turistas que chegam para observar a fauna local, que está cada vez mais escassa.
Capa | Cachoeira da Fumaça, Sul do ES | Foto: Karol Gazoni
Eco Chatos
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