Grande Rio
Com enredo sobre Exu, divindade das religiões de matriz africana, a escola de Duque de Caxias criticou a intolerância religiosa.
A escola de samba Acadêmicos do Grande Rio conquistou o título de Campeã do Grupo Especial pela primeira vez no carnaval carioca com um enredo contra a intolerância religiosa.
De volta à Apoteose
Este ano todas as escolas já chegaram à Marquês de Sapucaí com uma vitória por terem sobrevivido à pandemia, às incertezas e ao cancelamento dos desfiles no ano passado. Todas venceram no quesito resistência.
“Eu acho que quem for a campeã deste ano pode se considerar campeã das campeãs”, diz Marcella Alves, porta-bandeira do Salgueiro.
Uma a uma, as notas dos nove quesitos foram sendo computadas. A Beija-Flor de Nilópolis e a Grande Rio ficaram na frente durante quase todo o tempo. Qual delas iria celebrar o título do carnaval da volta depois da pandemia?
Nos dois primeiros quesitos – fantasias e harmonia – as duas só levaram 10. Uma disputa acirrada. Mas a partir do sexto quesito, alegorias e adereços, a Grande Rio tomou a frente e daí foi só esperar pelo 10 que detonou o grito da comunidade: É campeã!
A Grande Rio já havia experimentado um segundo lugar por quatro carnavais. Mas agora a Apoteose explodiu. Gritou “é campeã” depois de dois anos e deu o título inédito à Grande Rio.
Fundada há 34 anos, a escola de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, tinha até hoje quatro vice-campeonatos no Grupo Especial. E o grito saiu com força total.
A Beija-Flor ficou em segundo lugar e a escola Império Serrano carimbou a volta para o Grupo Especial em 2023. A escola São Clemente foi rebaixada e volta para a Série Ouro.
A Grande Rio teve a ajuda de uma divindade das religiões de matriz africana. Exu abriu os caminhos da escola na avenida até o título.
“E parece que estava tudo escrito. Com o enredo agora sobre Exu, contra a intolerância religiosa, a Grande Rio é campeã. Nota dez”, comemora Gabriel Haddad, carnavalesco da agremiação da Baixada Fluminense.
Na quadra lotada da escola vencedora, em Caxias, após muito choro de alegria, a emoção pela comemoração do título tomou conta de todos. A comunidade estava orgulhosa pelo desfile que levou Exu para a avenida.
E o orixá abriu os caminhos trazendo, além do troféu, uma multidão para essa celebração. Uma multidão dentro e fora da quadra. As ruas no entorno foram completamente tomadas.
A escola que tirou dz em todos os quesitos merece essa festa. Afinal de contas, o desfile campeão da Grande Rio levou para a Sapucaí um enredo para quebrar preconceitos.
A Grande Rio foi a penúltima escola a desfilar. Levou para avenida todas as faces de Exu. A escola trouxe um outro significado para imagem do orixá, que é geralmente ligada ao mal. Mostrou que ele representa prosperidade e livramento.
Na comissão de frente, Exu apareceu por cima do mundo. Para o mestre sala e a porta bandeira, veio com o ritmo da bateria.
O carro abre-alas mostrou que o orixá indica caminhos, nas encruzilhadas. A rainha de bateria, Paolla Oliveira, desfilou de Pomba Gira, que é a representação feminina de Exu.
O orixá apareceu onde tem alegria. Nos cabarés, botequins. E como uma entidade de transformação.
A escola usou restos de metal e tecido do próprio desfile para compor o último carro alegórico. E lembrou de todas as pessoas que recolhem recicláveis no lixão de Gramacho, em Duque de Caxias, terra da Grande Rio.
Veja todo o desfile da Grande Rio no iutiubi.
Grande Rio
Arthur Aguiar, o grande campeão depois de 1 liderança, Anjo 3 vezes e 7 paredões no BBB22