Rubens Pontes | Como um negro, primeiro editor do Brasil, tornou o menino que vendia balas nas ruas do RJ, outro negro, patrono do romance brasileiro | 30/9

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menino que vendia balas

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COLUNA AQUI RUBENS PONTES |

MEUS POEMAS DE SÁBADO

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Rubens Pontes,
jornalista

Como o menino que vendia balas nas ruas do Rio se tornou o patrono do romance brasileiro, Épica história da editora de Paula Brito.

Ouvimos o Editor Chefão do Don Oleari, Portal de Notícias dizer “braaaavoooo”, quando alguém na redação colocou uma questão que não havia sido até então levantada enquanto se falava de livros e seus autores:

paula-brito-outra.jpg 30 de setembro de 2023 24 KB 350 por 250 píxeis

E os editores?

– Causa própria, sendo ele, além de tudo, também editor?

A memória recua no tempo e no espaço para se deter no ano de 1854 e nele um nome que marcaria o início da editoração profissional de livros no Brasil: Francisco de Paula Brito.

 praca-da-tipografia-de-paula-brito.jpg 30 de setembro de 2023 48 KBEm 1831, com 21 anos de idade, Paula Brito reuniu o dinheiro que ganhara como ajudante de farmácia, aprendiz de tipógrafo e redator em um jornal e comprou a Imperial Typographia Dous de Dezembro” no Rio de Janeiro.

Abriu as portas do estabelecimento para escritores sem vez e sem voz, passando a editar seus trabalhos. E os remunerando por isso.

 Lundu-Brasileiro-Diario-do-Rio-de-Janeiro-1853-p-1-paula-brito-e-o-lundu-da-marrequinha.jpgO desdobramento da iniciativa foi a criação da “Sociedade Petalógica”, um clube literário que funcionava nos fundos de sua casa, destinado a reunir jovens talentos das letras e músicos, em saraus regados a lundus e modinhas.

Entidade sem estatutos onde toda fantasia era permitida.

Voltando ainda mais um pouco no tempo, já, no entanto, mostrando seu perfil liberal e generoso, Paula Brito, que enfrentava ele próprio os desafios de sua cor e de sua origem humilde, contratou como auxiliar um jovem mulato de 16 anos de idade que vendia balas de coco na rua para ajudar as despesas da família.

Um ano depois, o adolescente admitido como auxiliar no trabalho da tipografia, passou a frequentar as reuniões da Petalógica, e redigiu seu primeiro poema, assinado com o nome do autor:  Machado de Assis:

paula-britoprimeiro-jornal-de-jornalista-negro.jpg 30 de setembro de 2023
paula brito, primeiro jornal de jornalista negro

“Seus olhos brilham tanto

Que prendem tão doce encanto

Que prendem um casto amor

Onde com rara beleza

Se esmerou a natureza

Com meiguice e com primor.”

Seis anos mais tarde, em 1861, Paula Brito editou dois livros do mesmo jovem, lançando Machado de Assis, o mulato que vendia balas de coco nas ruas do Rio de Janeiro, no mercado editorial, e que, já consagrado como um dos grandes escritores brasileiros, criaria e seria o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.

Machado de Assis escreveu na despedida de Paula Brito, morto no ano de 1861:

Paula Brito foi o primeiro editor digno desse nome que houve entre nós.”                                                                             

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Esta Coluna, presta sua homenagem ao homem negro de origem modesta e sem instrução formal, tipografo, livreiro, poeta, precursor da imprensa e do mercado literário no Brasil, como o conceituou a crítica Valeria Alves, pioneiro ao editar literatos brasileiros.

Foram 372 publicações que serviram de porta voz ao movimento literário nacional.

Um homem à frente de sua época, reconhecendo e valorizando a importância e a força da mulher no cenário das letras brasileiras, fundou em 1832 a pioneira revista “A Marmota”, voltada para esse público.

Como ilustração, o bem humorado poema “Desejo”, do homenageado deste sábado por Don Oleari Portal de Notícias e pelo autor da Coluna.

Francisco_Paula_Briito_JB_28-11-2009-1.jpg 1 de outubro de 2023 72 KB

Rubens Pontes, jornalista.

Capim Branco, MG

Desejo.

(imitação do francês)

Paula Brito

 

A engraçada Josepliina,

Com sua tez bella e fina,

Seu cabello ennegrecido,

Sua graça no fallar,

C seu sympathico olhar,

O que é que ella quer?-

marido.

Ignez, toda desdenhosa,

Por parecer virtuosa,

Sempre em imperio fingido,

Quando diz a todo o instante

~ Eu não quero ter amante:

O que é que quer ter?

marido.

A Theresinha, que em casa

A família traz em brasa,

Servida em todo o pedido,

Botando dinheiro fóra:

Porque se maldiz e chora?

O que lhe falta?

– marido.

Trata-se de matrimonio?

Diz Emília: « pois o Antonio,

Pedro, Braz, tenho escolhido;

Lindo, feio, Turco ou Gôdo,

Com qualquer eu me acomodo:

O que quero é ter

marido.

Porque causa a Carolina

Toda se aperta (e se afina,

Sempre com lindo vestido

E com gosto em tudo raro’?

Ora, leitor, está claro,

O que e’la quer

– marido.

O que quer a Joannmha,

Em casa toda santinha,

Qual pecador convertido?

Mas quando a passeio sabe

Bem vestida sempre vai…

Ora, o que quer? quer

marido.

Não é debalde que a Anninha

Morre por comer gallinha,

E que o doutor mais sabido

Co’a molestia não atina!

Ella não quer medicina:

O que ela quer

—- marido.

0 que quer a Fortunata,

Que, por ser feia, se mata

Nas contendas de Cupido,

E por bailes e concertos

Anda metida em apertos?

Claro está que quer

marido.

Reparem na Mariquinha,

Hoje sempre enfeitadinha,

Mudando só de vestido,

Falando em cheiros e flores,

Sempre pensando em amores:

Para que? p’ra ter

marido.

Toda a moça, feia ou bela,

O amante deve ter n’ela

Muita cautela e sentido;

E’ mui rara a que é constante:

Nunca se escolhe um amante,

Porém se escolhe um

– marido

menino que vendia balas

Edição, Don Oleari – [email protected]

https://www.facebook.com/oswaldo.oleariouoleare

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham