Renato Fischer | Segredos para uma boa comida

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SÓ O HUMOR SALVA!

renato-fischer-a-da-assinatura.jpg 16 de novembro de 2023 40 KB
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RENATO FISCHER

Hoje degustei um dos meus cardápios preferidos: uma bela rabada. Parece um prato simples, mas é uma iguaria. Tem suas diferenças e sofisticações.

A começar pela escolha. Como qualquer rabo, requer uma seleção minuciosa.

Ontem me incumbi desse mister: escolher um rabo.

Optei por um à la Gisele Bündchen. Com pouca gordura. Pedi dois. Comer um rabo só não é suficiente. Pode faltar.

O açougueiro se prontificou a limpar para mim. Declinei. Rabo que eu vou comer, não gosto que outro passe a mão. Só pedi para cortar.

Queria que dividisse ao meio as vértebras proximais, aquelas maiores.

Chegando em casa, me pus ao preparo.

Sim. Para comer bem um rabo, as prévias são essenciais. Um bom tempero é fundamental. A forma de passar o tempero também. Nada de pressa.

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12 de dezembro de 2024
22 KBTem que ir passando os dedos e distribuindo em todas as entranhas do rabo. Como uma massagem. O rabo até adormece.

Sem aquela invençãozinha boba de colocar agrião. Agrião no rabo é como quiabo no frango caipira. Quem faz isso não tem capacidade gustativa para saborear uma galinha caipira.

Só serve para babar a coisa. Gosto de chupar e lamber o rabo, mas não gosto de baba. Agrião no rabo me lembra quiabo. Eu não gosto de baba.

Aliás, comer um rabo exige técnica e nada de cerimônias. O ideal é fazer entre quatro paredes. Ninguém precisa ver a lambança que você faz. Nada que um lenço absorvente não resolva.

Os ossos da rabada que eu como ficam branquinhos. Chupo tudo. Passo a língua para sorver toda a secreção. Dou até umas mordidinhas. Penso que, assim, a rabada se sente lisonjeada.

“Ele gostou muito de mim. Sou gostosa.”

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12 de dezembro de 2024
26 KB
300 por 643 píxeisA comida pensa.

As crocantes, por exemplo, acho que não gostam de ser comidas. Aqueles estalinhos são seus protestos. A rabada não. Se pudesse, acho que até rebolava na hora da degustação.

Um rabo bem comido é um rabo feliz.

Comer um rabo é sublime. Delirante. Penso que a natureza nos criou para comer rabos. E eles para serem devorados. Uma simbiose. Um êxtase. Uma catarse.

Depois disso, só virar de lado e dormir. Mas tem que ir para a cama primeiro.

Porque o que você comeu foi um rabo bovino. Isso não se come na cama.

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Edição, Don Oleari – [email protected] | https://twitter.com/donoleari

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham