Kleber Galvêas
A tintura das panelas com a calda obtida da casca do mangue macho (Rhizophora mangle) árvore que lembra um polvo com tentáculos cravados na lama, é fundamental para sua conservação.
Algumas paneleiras substituíram essa etapa por uma defumação com ramos de aroeira, o que tinge, mas não protege com igual eficiência.
No século XVI, no Ribatejo (Portugal) estavam instalados os principais curtumes do ocidente
. Quando D. João foi informado da existência de mangue (Rizoforáceas, Verbenáceas e Terminaliáceas) adstringente e riquíssimo em tanino (fenóis) na costa do Brasil, fez logo uma lei proibindo o seu corte.
O texto integral dessa lei do séc. XVI aparece na introdução do livro “Não verás país nenhum”, do escritor Ignácio de Loyola Brandão.
A função do caldo obtido da casca do mangue macho, triturado e de molho na água, tanto em relação ao couro quanto às nossas panelas, não é tingir esses materiais, mas imunizá-los contra fungos: o couro por ser 100% matéria orgânica e a batinga por conter restos vegetais e animais, muito apreciados pelos fungos.
Quando menino observava que as velas usadas nos barcos de todos os pescadores antigos da Prainha e nas demais colônias de pescadores capixabas eram cor de tijolo ou terra queimada.
Pensei tratar-se de uma convenção para identificação, só mais tarde soube que eram fervidas com a casca do mangue macho (pela forma como se reproduz) ou mangue vermelho (pela cor vermelha intensa que tem) e o objetivo era evitar fungos.
As velas guardadas úmidas, sem essa proteção, logo eram contaminadas por fungos, ficavam fracas e rasgavam com facilidade.
O mesmo tratamento era dado às redes de pesca, antes do nylon aparecer por aqui nos anos 50.
Espírito-santense é quem nasce no Espirito Santo. Capixaba é quem ama esta terra. Né?
Kleber Galvêas
Edição, Don Oleari – [email protected] – e Regina Trindade
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