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A era dos drones
Manoel Goes
Foto de capa: imagem da noite de 27 de dezembro, durante a inauguração da Nova Orla de Cariacica/ES.
Tivemos no réveillon 2023-2024 uma nova atração: além da tradicional queima de fogos de artifício, a presença da tecnologia dos drones, com 400, 500 e em alguns lugares mais de 1 mil desses equipamentos. Estaria passando o show de fogos de artificio para a condição de coadjuvante nos céus do país em noite de contagem regressiva no início de um novo ano?
Acredito nessa tendência, haja vista o considerado maior show de drones da América Latina que marcou a Virada do Ano em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina. Mil drones fizeram a apresentação no céu da Praia Central, que teve a faixa de areia alargada em 2021. Ao saírem do chão, os equipamentos foram em direção ao mar para fazer os desenhos saudando o ano que chega.
Uma novidade foi que o governo de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, ofertou o show a Balneário Camboriú. Isso inclui toda a estrutura técnica para a realização do espetáculo. Os drones pertencem ao governo do país, e ficaram na cidade catarinense apenas para essa apresentação.
Sem a tradicional queima de fogos de artifício à beira-mar, Florianópolis realizou um show com 300 drones em voos coordenados, que iluminaram o céu da cidade, com uma mensagem de Feliz Ano Novo, e um desenho da icônica Ponte Hercílio Luz.
Canhões de laser projetados em escunas, jatos d’água e projeções de imagens em cortinas d’água completaram o espetáculo que se concentrou exclusivamente no entorno do Trapiche da Beira-mar Norte.
Tivemos aqui na Grande Vitória uma pequena amostra da participação da tecnologia dos drones em um verdadeiro espetáculo que tomou conta do céu de Cariacica, município da região metropolitana, ocorrido no dia 27 de dezembro na inauguração da belíssima Nova Orla do município (foto).
Foram mais de 200 drones iluminados que sobrevoaram a orla formando imagens que encantaram por, mais de 9 minutos, uma surpreendente multidão de espectadores.
O Show de Luzes com Drones é o mesmo que foi realizado durante a inauguração da obra de ampliação da Ponte Darci Castelo Nmendonça e a inauguração da Ciclovia da Vida, em agosto passado.
O Réveillon de 2024 da cidade do Rio de Janeiro contou também com uma atração extra: além dos tradicionais fogos de artifício, a praia de Copacabana recebeu show de 400 drones. A tecnologia foi usada para homenagear os 40 anos do Rock In Rio no próximo ano. Os equipamentos se organizaram no céu formando guitarras e outras imagens que remetem ao festival.
O espetáculo durou cerca de oito minutos, antes da virada e da tradicional queima de fogos. Consta da história que a palavra réveillon tem origem no verbo em francês réveiller, que significa “acordar” ou “reanimar” (em sentido figurado). Assim, o réveillon é o despertar do novo ano.
Os primeiros registros de comemorações de Ano Novo datam de 4 mil anos atrás. Aconteciam na Mesopotâmia e eram a celebração do fim do inverno e início da primavera, o que acontecia entre os dias 22 e 23 de março do nosso calendário atual. Essa celebração simbolizava o início de uma nova safra de plantação e era o momento em que as pessoas pediam por alimentos e fartura para o ano.
No século 19, as festas de fim de ano foram adotadas por outros lugares do mundo que fossem influenciados pela cultura da França. A nobreza do Brasil foi uma das que adotaram o Réveillon, mas com os novos personagens do sincretismo religioso característico no nosso passado histórico, como também costumes e comidas.
Quem começou a passar a virada do ano na praia de Copacabana foram os praticantes do Candomblé nos anos 70. A festa tinha proporções menores, e todos usavam branco para saudar Iemanjá com oferendas levadas ao mar antes da meia-noite.
O uso das roupas brancas e a entrega de flores ao mar foi incorporado à tradição do ano novo e não é repetida somente no Rio de Janeiro, mas em todas as partes do Brasil. Segundo o Candomblé, a cor branca é utilizada para representar o luto pela morte que permite o renascimento e continuação da vida.
Quem começou com a tradição dos fogos de artifício foi o Mario, que tive o prazer de conhecer e frequentar sua antiga churrascaria By Marius, em 1978, reunindo comerciantes do Leme para levantar verbas e realizar a queima de fogos.
Na década de 1980 o antigo Hotel Meridien (esquina da avenida Princesa Isabel) iniciou sua tradicional cascata de fogos que encerrava a queima. O prédio de 39 andares recebia uma cascata de fogos que saia de seu topo e ia descendo pelos andares do arranha-céu. Um evento sempre muito esperado no país inteiro.
Assim, outros hotéis também começaram a financiar a festa dos fogos atraindo turistas e moradores. Com o crescimento da festa a cidade do Rio de Janeiro teve de se preocupar com a segurança dos frequentadores do Réveillon de Copacabana. A partir de um grave acidente na areia, os fogos foram transferidos para balsas no meio do mar.
Evitando tumultos após o show de pirotecnia, em 1993 a prefeitura programou shows na praia para que as pessoas não saíssem todas no mesmo momento. Jorge Ben e Tim Maia se apresentaram e conseguiram aliviar o fluxo.
A partir dessa experiência de grande sucesso dos concertos na virada, a prefeitura registrou o evento como oficial, levando diversas atrações todos os anos aos palcos de Copacabana, tendo recebido este ano mais de 2 milhões de pessoas.
Afinal, o réveillon é o despertar do novo ano.
Manoel Goes, produtor cultural, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do ES (IHGES) e escritor
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Edição, Don Oleari – [email protected] –
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